segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sou publicitário. Mas quem não é?

Eu sou publicitário formado e...? E nada! Nenhum momento sou defensor ferrenho e ativista do exercício da profissão regulamentada, muito menos ignorante ao ponto de não reconhecer que grandes nomes do mercado não possuem formação em Comunicação Social. Entretanto estes profissionais são espécies que teriam sucesso em qualquer área que se embrenhasse, se o cara resolvesse vender pedra-brita, seria o maior comerciante de pedra-brita da "paróquia" e assim em diante.

Minha real e absoluta bronca é direcionada aos famosos “micreiros” - com certeza existem alguns que são parecidos com estes caras do parágrafo acima -, mas a grande maioria, além de apresentar um trabalho abaixo do esperado, previsível, e sem nenhum embasamento ainda prostituem o mercado como um todo.
Numa rápida pesquisa pela internet você pode identificar "saites" de "desainers", "publicitários” e "webdesainers", que oferecem sensacionais pacotes de “açesoria” de comunicação incluindo toda a criação e não é só isto, ainda inteiramente grátis você recebe o planejamento de comunicação, gestão da marca entre outros tantos "pormenores" que não farão diferença alguma para sua empresa se conduzidos de forma amadora.

O pior efeito destas ações para o mercado sem dúvida alguma é o descrédito que a comunicação sofre, perante empresários. Afinal ele pagou por alguma coisa que não trouxe lucros a sua empresa, portanto entra automaticamente como um débito, uma obrigação ou algo que ele tinha que fazer porém não trouxe nenhuma vantagem competitiva.

A concorrência com os micreiros muitas vezes é desleal, pois para início de conversa eles tem o preço “muito melhor”, como podemos observar no "anúncio" de um site que achei neste universo cheio de armadilhas que é a internet:

Exemplo clássico de prostituição do mercado

1- Desenvolve logomarca, identidade corporativa, e mobiliária do escritório (mobiliário do escritório seria sinalização?).E cobram R$400 reais pelo “serviço”.
E se atente leitor a comunicação do serviço que oferecem:
“CRIAÇÃO PERSONALIZADA.CAPRICHAMOS NA CRIATIVIDADE EDEDICAÇÃO PARA REALIZAR SEU PEDIDO”
“VOCÊ SÓ PAGA SE GOSTAR, SÓ NÓS FAZEMOS ISSO”.

Claro que só eles fazem isto. Desenvolver todo o trabalho para eles deve ser encarado apenas como conhecimento de Corel Draw.

Em segundo lugar a própria relação com o cliente é delicada, pois claro que todo mundo deseja pagar um preço justíssimo pelo serviço, e muitas vezes o empresário tem uma proposta profissional confrontada com o famoso "meu sobrinho que fez um curso", que apresenta um preço 3 vezes mais barato, muitos clientes imediatamente dispensam o profissional e adotam o serviço do "sobrinho". O produto final deste sobrinho por N motivos não traz o resultado esperado, causando a médio ou longo e em alguns casos em curtíssimo prazo o descrédito da utilização de uma comunicação efetiva dentro de sua empresa.

Nossa profissão é muito diferente de um engenheiro, por exemplo, pois o cliente sabe qual a importância do projeto e o risco que corre ao escolher um serviço menos qualificado. Sem a possibilidade de diferenciar o trabalho da comunicação o cliente prioriza a escolha pelo preço e prazo de entrega.

Claro que muitos "micreiros" de hoje podem se tornar os profissionais de amanha, a revolta esta focada aos aventureiros que oferecem serviços sem nenhum preparo para realizá-los, e além de propiciarem uma má impressão da comunicação em escala gigantesca, ainda contribuem para que os preços não sejam justos e sim hilários.

Nós os publicitários também temos nossa culpa neste ciclo sem fim, pois em nosso acesso a clientes devemos responder de acordo a necessidades do mesmo, integrar ações que tragam resultados efetivos e justos e principalmente que o tragam lucros, isto é vendam sua empresa e seu produto.

Com estas ações que vendam o produto do cliente, finalmente o publicitário não precisará se vender para buscar um espaço no mercado.

Junior Padilha

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