Discutindo outro dia a mesmice das propagandas de televisão, lembrei-me de uma do McDonalds de 1997, com o professor de português Pasquale Cipro Neto. Entravam em cena jovens comendo sanduíches e assassinando a língua portuguesa com coisas como “para mim comer”, “mais grande” e “a gente comemos”.
O professor então ensinava como é que se fala corretamente. A campanha foi um grande sucesso e prestou um serviço valioso à sociedade e à marca do anunciante. Agora imagine se alguém fizesse uma pesquisa de opinião com comedores de sanduíches para saber o que eles gostariam de ver numa campanha publicitária...
Sabe quando apareceria a “necessidade de falar português correto”? Nunca! Alguém teve a criatividade e a coragem de apostar no inusitado e deu no que deu: uma campanha inovadora, positiva, brilhante, sem apelar para baixarias. Infelizmente esses lampejos de criatividade são doloridos, dão um trabalhão, precisam de um toque de genialidade e – principalmente – coragem de quem vai aprovar a campanha. Precisam escapar da “opinião média”.
O problema é que normalmente o cliente que aprova está preocupado com o politicamente correto, com a “opinião média”. Uma campanha como a do Mcdonalds de 1997 jamais iria ao ar hoje. Seria considerada – pela “opinião média” devidamente domesticada como preconceituosa e elitista. Melhor usar uma bunda ou um bêbado. Essas coisas a opinião média aceita.
Por Fernando Pires
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