Seis milhões de americanos ouviam o programa dominical Mercury Theatre on the Air, transmitido em rede nacional de rádio pela emissora CBS - Columbia Broadcasting System – na noite de 30 de outubro de 1938, quando por volta das nove horas a execução de La Cumparsita, pela orquestra de Ramon Raquello, direto do Hotel Park Plaza no centro de Nova York, foi interrompida por uma notícia que mudaria os rumos da humanidade. Uma nave extraterrestre havia pousado em uma fazenda nos arredores de Grovers Mill, uma pequena cidade de Nova Jersey, a cerca de 70 quilômetros de Nova York.
Os ouvintes que continuaram acompanhando a transmissão, agora feita diretamente do local, ficaram perplexos com a descrição das criaturas vindas de Marte feita pelo repórter e ficaram horrorizados quando os visitantes se mostraram hostis e fulminaram com um raio de calor policiais que tentavam fazer contato. Por cerca de 40 minutos, repórteres, militares, cientistas e pessoas comuns relataram os acontecimentos que se seguiram com a invasão de centenas de marcianos nos Estados Unidos e que resultaram na destruição e morte de milhares de pessoas.
A brincadeira de Halloween de Welles causou pânico na população, provocou sobrecarga nas linhas telefônicas e congestionou as ruas de Newark e Nova York, que sofreram a invasão virtual de centenas de marcianos na história transmitida pela CBS.
O programa ficou marcado, ainda, na história do rádio por mobilizar grande contingente de pessoas. O veículo na época vivia sua adolescência com apenas dezoito anos de experiência desde a fundação da primeira emissora regular, a KDKA de Pittsburgh, nos Estados Unidos.
Na época, a CBS calculou que metade dos ouvintes, ou seja, cerca de três milhões de pessoas, passaram a sintonizar o programa quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do radioteatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão tomou a dramatização como fato, acreditando que estavam mesmo acompanhando uma reportagem extraordinária. E, desses, meio milhão tiveram certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico.
O feito de Welles foi noticiado nos dias seguintes em jornais de todo o mundo. O New York Times de 1º de novembro 1938 estampou a manchete "Ouvintes de rádio em pânico tomam drama de guerra como verdade". Já a edição do Daily News publicou matéria intitulada "Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos".
Entre os acontecimentos que marcaram aquela noite está um homem que entrou em uma sala de cinema e gritou aos espectadores, os quais se levantaram imediatamente e saíram a correr da sala de projeção. A matéria também informa que um hospital de Newark tratou 15 pessoas que estariam doentes em conseqüência do choque produzido pela irradiação. Já a central de policia de Nova York calcula em dois mil o número de telefonemas recebidos no espaço de 15 minutos.
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