quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Lembranças de um Amor

No momento que começo escrever o relógio marca exatamente 23h07 então vamos lá, pode até ser longo, porém como a idéia esta na cabeça as palavras fluem com mais facilidade.

Hoje no fim do primeiro tempo do jogo comecei a lembrar de minha trajetória, passaram vários fatos como aniversários, ou então aquela foto com 4 anos com a camiseta do Atlético com as listas horizontais, ou então vários jogos que vi aqui ou em qualquer outro lugar do Brasil, momentos que chorei por meu Rubro Negro.

Lembrei de vários atletibas até 1993 que meu pai não me levava por ser perigoso, mas almoçávamos em família eu pegava meu uniforme completo do Furacão e saíamos os dois de carro com a bandeira para fora do carro e íamos na frente do Hotel Dom Rodrigo (ali perto do Centro Cívico) para seguir a Jabiraca até próximo ao Pinheirão ou Couto Pereira. Então voltava para casa eu ligava o rádio, fechava as cortinas apagava a luz e ia para baixo da cama que era onde eu acha que as vibrações positivas se encontravam em busca da vitória, admito que muitas vezes deu certo outras não. Confesso que algumas vezes terminei o domingo chorando e imaginando como seria quando eu fosse o goleiro do Atlético (Já tinha consciência que não ia me dar bem na linha).

Ainda recordei de um jogo em 1994 que estava no carro esperando minha mãe sair de uma reunião, e eu escutava a última tacada do Furacão para subir para a primeira divisão em Caxias do Sul contra o Juventude, perdemos de 2x0 e foi ali que acabou a esperança de um garoto de 12 anos ver seu time na primeira divisão naquele ano. Naquela época ainda esperava ser jogador do Atlético para sempre, nunca mudar de clube e me aposentar pelo clube.

Ainda lembrei da grande trajetória de 1995, lembro que fui a absolutamente todos os jogos daquele ano, alguns com meu Pai e outros sozinho e finalmente pude “invadir” o gramado e comemorar a nossa subida para a primeira divisão, ali mesmo com 13 anos ainda tinha o projeto de ser jogador.

Outro momento indescritível que acreditei ser um dos maiores torcedores do Atlético (hoje sei que não posso equiparar amores) foi se não me engano em 1996, num jogo do campeonato Paranaense na quarta feira a tarde no Pinheirão com muita chuva e frio, o estádio recebeu 183 torcedores e eu era um destes, aquele dia foi o momento que vi que não seria jogador então decidi que seria Office Boy do Atlético, apenas não sabia como chegar nisso, pois naquela época a sede administrativa do Clube era na frente da atual Arena numa casa de esquina, não chega nem perto da estrutura que possui hoje e que admiro muito, cheguei entregar um currículo porém nunca me chamaram , só concluo que perderam um grande Office boy (mesmo que não fosse, ia unir a vontade de trabalhar com a maior empresa do mundo em minha concepção).

Veio o primeiro título paranaense que pude realmente comemorar no estádio e acompanhando a campanha, o ano era 1998 primeiro jogo empate no couto, e os dois jogos (na época a final eram em 3 partidas se uma das equipes não ganhasse as duas primeiras) no Pinheirao, veio o Título lembro que fiquei na sede da torcida por muito tempo comemorando, comprei faixa (como sempre, só que esta comprei lá no calor do momento), e me esbaldei naquela festa.

Veio a inauguração da Arena, comprei o pacote, muito bom ter a sensação de garantia em todos os jogos e de viver aquele sentimento, na hora do pagamento você recebia todos os ingressos até a metade do campeonato (até hoje tenho eles guardados), no dia da inauguração fui com certeza um dos 50 primeiros torcedores a pisarem no estádio, andei por tudo, contemplei e admirei.

Vieram os outros anos e vivenciei títulos, presenciei viradas de placar, sofri com derrotas, chorei com outras (um dos maiores motivos para eu chorar de alegria ou tristeza é o Atlético), viajei muito atrás do Furacão, posso com certeza dizer que em vários momentos tive a sensação de representar uma nação em viagens com mais 3 ou 4 torcedores rubro negros contra um estádio lotado.

Chegou o ano de 2001, como esquecer todos os sentimentos que aquele ano nos proporcionou, algo fantástico, que só quem sente um amor como eu sabe explicar (eu sei que tem vários assim), este ano sim posso dizer que chorei demais, sem vergonha de ser feliz, confesso que foi um ano que senti um pouco de ciúmes do meu FURACÃO pois via muitos Atleticanos e pensava: “Onde estava esta gente naquele jogo do Pinheirão?”, mas também compreendi que somos GIGANTES e todos devem ter uma oportunidade na vida de sentir a emoção de torcer para o Clube Atlético Paranaense.

Vieram outros títulos paranaenses, vieram dificuldades, chegaram craques, surgiram novos torcedores, e eu lá sempre vivendo esta emoção e paixão desenfreada. Entretanto com mais de 18 anos me restou a admirar jovens mais novos que eu, que conseguiram jogar no Atlético e “trabalhar” no Clube que sempre inspirei meu futuro.

Um resumo de alguns momentos, claro que a partir da hora que você dedica sua energia para alguma coisa, um simples blog não contempla nem o mínimo de toda a história.

Quando voltei para a realidade de hoje, escutei os amigos no Bar reclamando do time e o placar marcava 4x0 para um time (com todo respeito, ta mentira com nenhum respeito) que não representa nada, perto da nossa grandiosidade, comecei a pensar novamente será que estes jogadores já tiveram um sonho? O Sonho de jogar em algum clube de futebol? Mesmo que não fossem torcedores do Atlético, mas eles estão atuando com uma camisa que uniu famílias, embalou amores, exigiu sacrifícios do seu exército de apaixonados, e como no texto citei vários momentos de choro, mais uma vez a lágrima insistiu em cair, e ao mesmo tempo em que o filme passava em minha cabeça eu torcia para que no dia 7 de dezembro eu volte a chorar, com o sentimento de vitória de alívio e redenção.

Não quero, não posso e não vou acreditar no pior, porém se isto ocorrer, meu coração estará junto com o Clube, e mesmo num momento de raiva ou profunda tristeza, saberei que em 2009 estarei em todos os jogos, pois eu torço para o Clube Atlético Paranaense, um sentimento que não sei explicar.

Apenas torço que os jogadores tenham este sentimento de doação pelo seu trabalho, quando vejo certos nomes apresentando este futebol, e se acabando na noite curitibana, só penso uma coisa, quando era mais novo meu objetivo era ser jogador, depois Office boy do Clube apenas pelo prazer de trabalhar, ganhar meu dinheiro e ainda unir isto tudo na empresa que mais daria o sangue em minha vida. E não sei se todos têm estas características, mas meus objetivos apesar da idade só evoluíram porem não mudaram tanto (claro que não quero mais ser Office boy), acredito que o deles também ainda é ser jogador de futebol, e ninguém quer ser visto como um profissional medíocre.

Obrigado para quem leu, e entendeu tudo que eu disse. Quem não entendeu ainda tem muito que aprender sobre sentimentos e objetivos de vida.

Abraço a todos, e só eu sei o que uma derrota do Clube faz com minha cabeça.

A propósito o momento que termino este texto e vou deitar tentando dormir o relógio marca 00h08 falei que ia ser rápido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você me ensinou a torcer para Esse time!!

Obrigada!!