Hoje quando me dirigia ao trabalho escutei este comentário e consegui localiza-lo na rede, acredito que neste momento que escrevo sobre o aniversário de meu Pai, e comentando a grande alegria de ter ao meu lado, publico abaixo esta síntese da arte de ser pai. A homenagem é para meu Pai, porém mesmo sendo o aniversário dele, minha Mãe não foge desta estrutura.
Leiam, vale a pena!
Ao pé do farol(por Alexandre Pelegi)
Li certa vez que ao pé do Farol não há luz. Mas e quando falamos não de proximidade geográfica, mas sensitiva, como na relação entre pai e seu filho, por exemplo?
Somente hoje me vejo distante de meu pai o suficiente para enxergar, com relativa nitidez, a luz de seu Farol; e para compreender a liberdade acolhedora de seu amor que, à época, eu percebia como sufocante e limitador.
Foi preciso jogar-me ao mar, navegar nas ondas e intempéries daquilo a que chamamos vida, para vislumbrar não somente o que me tornei, como para reconhecer a segurança do porto de onde parti. Para finalmente entender não apenas o que hoje sou, mas de quais raízes brotei...
Lembro de quando jovem ter dado a meu pai um livro do genial poeta Kahlil Gibran. Na poesia chamada “Dos Filhos”, Gibran escreve: “Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.” Eu, como jovem, clamava por liberdade. E, como jovem, ignorante e esquecido dos perigos do desconhecido, enxergava apenas o mar que à minha frente se expandia.
Dar o livro a meu pai era como dizer a ele: “me deixa viver, me conceda a liberdade plena da experiência.” Lembro que toda vez que discutíamos sobre liberdade ele me falava dos perigos que a vida nos reserva. Mas eu estava ao pé do Farol, enxergava a beleza do horizonte, mas meus olhos não percebiam a dureza do percurso...
Hoje sou pai. Filhos crescem, amadurecem, e percebo que como muitos pais eu continuo a tratá-los como se tivessem sempre a mesma idade, a mesma mentalidade, as mesmas fraquezas...
Se hoje eu entendo que para aprender a navegar eu precisei desafiar os tormentos e as borrascas do mar, é chegada a hora de aceitar um dos inescapáveis desígnios da vida: se nossos filhos estão ao pé do Farol, eles só poderão ver a luz se entrarem mar adentro...
O melhor que posso fazer é desejar-lhes boa viagem. E torcer para que carreguem consigo um pouco de minhas raízes.
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